Noein
domingo, novembro 02, 2003
  Acho que vou escrever algo.

Se temos de começar por algum lugar, acho melhor começar com a definição de pensamento livre. Sei que, com toda a probabilidade, teremos definições diferentes, então fornecerei a minha e a utilizarei para minha formulação.

Entendo pensamento livre como a expressão de idéias de maneira aberta e sem restrições, publicada em algum lugar visí­vel (em algum lugar onde o acesso não seja limitado apenas à um grupo reservado), e que pode ser tanto favorável quanto contra a corrente de pensamento dominante sobre determinado assunto.

Adicionalmente, entendo mundo conservador como um lugar onde idéias contrárias ao pensamento dominante sobre qualquer assunto são deliberadamente sufocadas, seja de maneira incisiva (censura), seja por subterfúgios (restringindo espaço para publicação ou qualquer outro artifí­cio).

Cabe a pergunta: vivemos em um mundo conservador?

Eu diria que a resposta, como para a maior parte das perguntas que tratam de questões humanas é, ao mesmo tempo, sim e não.

Sim, porquê temos, em diversos lugares do mundo, a supressão direta de idéias e de pensamentos. Também porquê temos, no mundo ocidentalizado, uma disposição enorme de governos e pessoas de fazer com que idéias contrárias ao pensamento dominante sejam permanentemente desqualificadas ou simplesmente deixadas ao léu, restringindo a apreciação das mesmas pelo público.

Não, porquê se pode, mesmo que de maneira limitada, utilizar espaços como as universidades, a internet, e mesmo periódicos como o Pasquim21 (de notável veiculação), para propagar idéias que sejam contrárias ao pensamento dominante.

Se o mundo fosse conservador, expressão que acho muito forte e generalizadora, não terí­amos abertura, mesmo que pequena, e as pessoas que tentassem fazer algo a respeito seriam caçadas.

É uma experiência aterradora saber que, em alguns lugares e/ou momentos, isto realmente acontece.

Então, como tratar a questão?

Penso que, por mais otimista que possa parecer minha avaliação feita acima, temos enorme dificuldade em realmente observar o pensamento livre em ação no mundo atual.

A impressão que tenho é de que a televisão, com seu controle quase absoluto sobre as mentes das pessoas, fornece o veí­culo mais poderoso de idéias que o ser humano jamais possuiu. Ao contrário da internet, disponí­vel apenas aos que conseguem comprar um computador, aprendem a utilizá-lo e tem alguma prática com o inglês, a TV chega à praticamente todos, é acessí­vel como poucas coisas na vida humana (as mais simples tem quatro botões, dois para o volume e dois para o canal), e está fornecendo informações virtualmente 24 horas por dia.

É esse instrumento, a TV, que gera o maior fluxo de idéias, que leva à interpretações e pensamentos uma fatia do bolo humano que tende, assintoticamente, à totalidade.

O controle desse instrumento leva, quase que inexoravelmente, à uniformidade de idéias atualmente presente no mundo. Há um ponto de quebra, mas esse é um assunto para mais à frente.

Os instrumentos disponí­veis àqueles que pretendem exercer um pensamento livre são vários. Como eu já havia dito, as universidades são grandes fontes. Ao mesmo tempo em que produzem pensamento dominante, as universidades contém, em sua própria estrutura, a corrente contrária que produz pensamento antitético ao dominante.

Se esse pensamento todo produzido nas universidades chega a sair delas, é um assunto a ser discutido. Mas que o pensamento praticado nas universidades é livre, segundo minha definição, não há como negar.

Na área impressa, as editoras que operam com base em uma receptividade à maioria das idéias, não importando o quão controversas tais idéias sejam, são poucas, mas o fato é que elas existem e produzem quantia respeitável de volumes. Livros contendo idéias de contra-corrente são numerosos, e especialmente lidos em universidades (mesmo que, posteriormente, como professores, os universitários revertam à corrente dominante com o uso de livros didáticos que poderiam ser classificados como inadequados). Jornais como o já citado Pasquim21 são lidos pelas pessoas comuns (mesmo que algumas idéias ali contidas escapem completamente ao entendimento da pessoa comum).

Mas, como já foi dito, tudo volta à televisão. Como disse recentemente um de meus professores, a ciência é algo de conhecimento comum hoje em dia (mesmo que os seus conteúdos sejam obscuros e sua prática - o esforço científico em si - se perca nas entrelinhas), afinal, o Fantástico está aí­ para ensinar ciência todos os domingos aos telespectadores.

Acho que há muito mais a dizer, mas meus dedos estão cansados... 
sábado, novembro 01, 2003
  O que significa 'Noein'?
Como bom pensador mediocre, vou responder ao tema do 'Primeiro ciclo' com uma pergunta:
Um mundo livre num pensamento conservador? 
Este é um blog que tem por objetivo estimular o pensamento livre entre todos aqueles que a ele vierem, um espaço de discussao focada mas nao centralizada. Assim, pretendemos propôr questoes a serem discutidas, mas de modo algum centralizar a decisao a respeito de que questoes devem ser discutidas. Todos podem propô-las. O importante é que o pensamento tenha um caminho mas sem que se perca a liberdade de cada um de escolher o seu.

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